“Graça Graúna é descendente de potiguaras e se formou em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco. Também fez um mestrado sobre mitos indígenas na literatura infantil e se doutorou em literatura indígena contemporânea no Brasil. É autora de Canto Mestizo (Ed. Blocos, 1999), Tessituras da Terra (Edições M.E, 2001) e Tear da Palavra, de 2007. Escreveu obras infanto-juvenis como Criaturas de Ñanderu (Ed. Manole, 2010).”
Disponível em:
<http://visibilidadeindigena.blogspot.com/2016/04/cinco-escritoras-indigenas.html>.

CUMPLICIDADE
(GRAÇA GRAÚNA)
Agora e pela hora da minha agonia
louvo Trindade
e Jorge de Lima
cantando
catando
as duras penas
só
– De onde vem, Solano, esta agonia?
– Vem de longe, minha nega, de muito longe!
De Africamérica sonhada
lá, donde crece la palma
plantada en versos de alma
del hombre José Martí
– De onde vem, Solano, esta agonia?
– Vem de longe, nega!
Do comecinho das coisas,
de muito longe, nega,
muito longe.
Graça Graúna. Cumplicidade, In: Tessituras da Terra. Belo Horizonte: M.E. Edições Alternativas, 2001, p.17.
SER POTIGUABA
– Vamu apanhá sol?
– Vamu.
De sal a sol, multiplicar a semente
pelo caminho de volta
com Tupuna sorrindo.
– Graça Graúna, em “Poesia para mudar o mundo”. (org.). Leila Míccolis,
Blocos online, 2013.